sábado, 28 de janeiro de 2017

ELETROMAGNETISMO

arquivo pessoal
Espetáculo Urbano eu Soul no 
CEU Anhanguera Bairro do Morro Doce
Registro fotográfico Renato dos Anjos


"De forma gratuita a arte nos transforma e nos muda de tal maneira que muitas vezes não mais nos reconhecemos, atraindo pessoas para perto da gente por acreditarem que somos maiores do que podemos realmente enxergar!"  


ELETROMAGNETISMO


O que nos manteve nas extremidades?
Componentes muito raros
Ou metais pesados?

Seriam os pés descalços
Aparência destoante?
Tom de pele que suporta o sol quente
Ou o dialeto repugnante?

Baldes rasos
Preenchidos coletivamente
Ignorantemente

Educação bancária
Esperando a reforma agrária
Desidratado
Só epiderme
Caracteres do solo rachado

Feras dos campos
Dos pântanos, cerrados, caatingas
Gados marcados
Enclausurados na lobotomia

Consumidor de porcarias
Pragas urbanas
Esquecidas e abandonadas
Todos os fins de semana

Paredes invisíveis
Da bolha intransponível
Retidos em coleiras

Tornozeleiras eletrônicas
Evitam a proximidade
Mesmo que momentânea

"Contenha-se alpinista social"

De que lado?
Quantos lados pra se ver o óbvio?

E quem fornece o ópio
Propicia a catarata
Pois, quem conta os corpos
Não veda mais os olhos!

Entrar ou sair
Não está em discussão

Sem opções
Sem passado ou futuro
Só presente
Carne e alguns dentes!

Rindo da própria tristeza
Digerindo sonhos
Dilacerados ao amanhecer

Torre de babel
Pirâmides egípcia
Linha de produção
Esforço repetitivo
Só precisa ser funcional

Imensurável os níveis de profundidade
Do tecido epitelial
Autêntico o sobre-humano
Apenas esforço

Sobre os frutos?
Querem que apenas
Que...

Sejamos estéreis
Nossos fluídos não se transfere
É heresia
É blasfêmia

Berço de Tupis, Nanbas
Niquins, Afros, Zumbi’s
Kunta’s Kinte’s
Miscigenados dos Brasis

Os que resistem à seleção
Na guerra pra ser alguém
São contos
São lendas
Sem rosto
Sem posto
 
Algarismos
Registrados e protocolados
Prontos para o teste existencial
Imisturáveis os inorgânicos
Incomensurável e ressoante sonar de golfinhos

Eterna quarentena
Isolados para o contágio
Pandemia controlada
Presságio premonitivo
Fim do sinistro
Periferia é jazigo

Cá estamos
Viris e eréteis
Horas após o açoite
Por quizumba ou mandinga
Incongruência ressonante

Criação cheia de rótulos
Sob escuridão e clandestinidade
Medo, loucura e abstração
Muitos são Sorrateiros
Outros mais criativos

Estarrecidos e pasmos
Quando os deixamos
Calados
E não importa como...

Cores, sons, movimento
Dialética fluida
Contrastando as artrites
Reumatismos e artroses
Calunias e o ponha-se no seu lugar

Uma macha de muitos rostos
Credos, etnias, raízes
Ritos, tribos,
Matrizes ancestrais
Meu eu primitivo

Longe de ti
Sinto-me livre
Sinto-me vivo

Cultura aqui é arte
A arte do quilombo
Minha Oca sua Senzala
Seu chicote meu salário
Meu suor sua riqueza

Não pareço com nada
Não lembro ninguém
Juiz e réu
Sobrevivo da costela de um imenso arranha céu

Sou brita, piche, cimento
IPVA solidão egoísmo constrangimento

Ambição violência o sangue do outro em sua mão
Morte desigualdade
Um mero cidadão

Museu biqueira teatros transporte público
Carro blindado Shopping centers
Segurança privada por metros cúbicos

Incapazes com sonhos iguais aos seus
Órfãos sem corações
Cuidado!!!
Quando de amor formos ateus!



sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

EDUCANDO-O

imagem dos artistas "Os Gêmeos" (Writers e Old schoo B.boys)

Arte é educação! 
O caminho trilhado por inúmeras referências artísticas que saíram ou não do Gueto Bastardo foi apagado.
Sem história, sem memória, sem nome, só números estatísticos sem colete balístico prontos para não aceitar notórias imposições!    


EDUCANDO-O 
Homenagem a resistência e militância de dois irmãos


 Noção é intimo 
Adjunto...

Instruir-se
É estratagema

Logo esqueço
Ligando sítios

Remover pedras
Algo corriqueiro

Dá pra deixar
O caminho mais suave

Apenas para um
Robert Johnson

Até agora indomado
Só aprendi
E me criei

Algoritmos
Tubos de ensaio
Fórmulas escusas

Não há excelência
Incontinente
Contingente
Afluentes
Ousado
Transgressor

Andarilho só
Cosmopolita
Estranho no ninho



UM POUCO DE CAOS

imagen do google - filme "Um pouco de caos"

Aqui o poema não faz relações com o filme mas, a foto tem tudo haver com o texto.
Tirem vocês as conclusões! 

trilha sonora indicada para a leitura:https://www.youtube.com/watch?v=s9jm-firSzg



UM POUCO DE CAOS

Pouco entende do que falo
Enquanto insisto
Menos absorve

Alguém viu
As entrelinhas
Enquanto trancado estava?

No longínquo recinto
Disseram que li
O livro com o Eli

Quando lá
Nunca souberam de nada
E se soubessem
Estranho seria
E como seria
Se soubesse
Das desventuras
Se saciados fossem
Pela fonte dos desejos íntimos?

Não tenha medo
Caiu cedo demais do berço

Sagaz e cambaleante
Destoante dos demais
Durou
Se esgotou
Abundando o chorume

Exauriu
O Máximo conhecido
Esgotado estaria
E ao contrário
Se condicionou

Como estou
Independente
Mente
Minto
Verdade expirada
Argumentos  
Mecanismos de auto defesa
Protege
Se protege
Jugos e vulgos
Podre receita pronta

Natalidade retorcida
No frio do calor
No calor do frio
Confundindo
O metafórico metabolismo

Secreta e excreta
Detectando somente no próximo
Os desvios intracromossomiais

Devo
Não devo
Faço
Não faço
Sigo
Sou seguido
Rastreio permissivo
Próteses inorgânicas
Mal...
Consigo prosseguir

Pandemia minimalista
Humanismo destronado
Carne dada aos vermes
Seres sob a órbita morta!

Apócrifos apocalípticos
Extraterrenos fizeram a curva
-Resolvam isto sozinhos,
Voltamos depois
De consumidos pelo conflito

Recicle o ciclo
Caim não matou Abel
Abel sabia, voltou no tempo
Mas, nunca deu tempo
De curar o incurável

Eva era a fruta
A fruta era a serpente
Serpente era Adão
Deus o paraíso
O paraíso era Eva

Não houve engano
Nunca entendemos
O que era a criação




quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

BREAKIN' IN SPACE ! QUEBRANDO NO ESPAÇO!

foto @israelfph
B.boy In-Space (Fábio)
Breakmania 84 
Renegados 


Breakin' in Space talvez seja a mais emblemática canção da banda Key Matic que sempre fora um hino clássico tocado nos Boomboxers nas tardes de Sábado na era de ouro do Hip-Hop Paulistano na emblemática Estação São Bento do Metrô.
Depois que todos Hiphopers deixavam o local, bailar ao som dessa música era algo muito especial, principalmente para meu grande amigo Fábio Inspace que pirava com esse som...

In-Space de onde será que ele retirou esse nome de rua?
  



“E tendo a lua aquela gravidade onde o homem flutua, merecia a visita não de militares, mas, de bailarinos”                                               
                                                                                         “PARALAMAS DO SUCESSO”


Breakin' in-space
(Quebrando no espaço)

Eu ligo o radio

E o que ele me diz
É muito maior
Do que os espectadores
Possam entender

Deslizo no piso liso
E o calçado canta pra mim
E eu danço por ele

Que me completa
Me faz atleta
Na hora certa

Transformo o visual
Na expressão
Do ódio ou do amor

O doce mel
Do beijo da abelha
Em uma flor

Desequilíbrios contorcionismo
Sensualidade tribalismo
Libertinagem
Minha imagem
Minha verdade

Antropofágico
Corpo e movimento 
Ações e percepções 
Ocupando o espaço
Minhas imperfeições

Descrevo
Apenas a complexidade ortodoxa do meu corpo no chão


Denso nas expressões
Instável nas contrações
Contravenções
Não há regras tão pouco padrões

O eu hábil e legítimo!
Maduro e seguro a cada nuance

Não importa o quanto eu Dance
Jamais entenderão meu Stance

Soul o êxodo nordestino
Adaptável e flexível
A bolhar de ar
Que evidencia o desnível

Improvável
Ter algo comum dentro de mim
 
Objetividade demais
Normalidade de menos
Ninguém está imune
Ao sincretismo de tantas culturas

Ironia tua perplexidade 
Diante de uma plasticidade tão doentia

Meu ser radioativo

É singular

É urbano

Como construções verticais
Viris 
Virais
Biográficas

Meu passatempo
É distrital

As digitais de B.boys
Especiais
Espaciais

Astronautas de piche




RUAS VAZIAS

imagem do google 

RUAS VAZIAS


Conheci
Os imortais elementos
E seus monumentais fundamentos
Linguagem única
Ortodoxa e sem contornos
Transcendendo a irmandade
Convênios selados
Por uma sobrenatural aderência

E choveu!
Por muitos dias!
Por muitos meses!
Por muitos anos!
Ergueram os piscinões 
De forma consensual

Da devastação
Restou o memorial

O crucial a ser feito
Ficou pra quem
Perdeu a seriedade
Ficou sem respeito

Trataram as ruas
Como concessões estatais
Inclinando-se a o comercial
Vendável rentável

Contratos
Licitações e favorecimentos  
Profissionais e provisionados

A parada não tem pai
Não tem mãe
Por tanto
Réu sem defesa

Cada vez mais complexo
O organograma
Repleto de funções
Disfunções

Apoie ou se exclua
Ou melhor, fique na tua
Faz muito tempo
Que você não atua
Logo estará
No retiro dos artistas
Ou asilo
Político quem sabe!

Vingança?
Por uma atitude sem liderança?
Mantenho distância
O plano sempre foi esse
Distante do centro
Distante do cetro

Adoradores e adorações
Festividades formalidades
Transito livre
Entre calçadas
Alamedas becos e vielas

Rua
A essência
Não faz mais parte dela 

Hip-hop cibernético
Em prol do momento
Isolamento térmico

Ferida aberta sem coagulação
Baixas plaquetas pouca cicatrização
É preciso cauterização
Famintos por aclamação!

Desmagnetize-se
Dilua-se
Emancipe-se

Sei!
Objeções não são bem aceitas
Dentro de tantas seitas
Foi-se a autocrítica
Vez enfática ora emblemática
Traumática

Sei também
Que fomos por muito tempo
Remédio homeopático
Ficamos dramáticos demais
Para ganhar um Oscar
Por fim
Nem selecionados para a cerimônia

Quando éramos inigualáveis
Não existia poder de soberania
Até a imposição
De ditaduras silenciosas

Basta olhar quantos de nós
Abandonou o aquário do antiquário

Transitamos
Por ruas vazias
Pessoas vazias
Sobrou o vazio
Ações irrefutáveis
De um intragável desprazer

É notório o irrevogável

Sei!
Minha fala é sonífera
Cheia de naftalina
Sobreposta
De muitos outros incansáveis
Que o discurso tornou-se blasfêmia

Agora ficar de gari
Juntando fragmentos da jóia bruta
Nos faz displicentes
Garimpando no deserto da desobediência

Acorde privatizaram a jazida
É cada um por si







O QUE SEUS OLHOS NÃO PODEM VER!


foto extraída de um post do Facebook - créditos na própria imagem


Depois de inúmeras gestões e incansáveis enfrentamentos a prefeitura de São Paulo deixou muito claro o que pensa a respeito dos Writers e Muralistas.
Essa máquina de moer gente não tem uma relação digna com os constroem seus sonhos promissores, devemos nos conformar com o gueto bastardo e seu abandono ou resistir?
Deixe ai seu comentário 
Meu grande abraço aos artistas que deixam o cinza da cidade sobre tenro colorido, pois é inimaginável São Paulo sem os Graffits.  


O QUE SEUS OLHOS NÃO PODEM VER!   

Antes de chegar aos muros
A arte já estava em mim
Conexão da construção
Dentro da mente
Aos olhos da sociedade
Para um artista chamado de delinqüente

Sem pai
Sem mãe
Sem lar
Sem amor
Sem dinheiro

E ela
A arte
Bateu a porta

Eu também nada tinha
E assim
Crescemos juntos

Um pelo outro
Muitas críticas
Porradas e pancadas
Sobrevivemos
Carecíamos!  
Éramos só sentimento!

Julgados jogados
Então as ruas nos acolheram
Em seu quintal
Território hostil

E assim...
O pacto

O juramento de que seríamos
Aquilo que
Jamais acreditariam um dia
Sermos capazes

O talento
O mais puro talento
Sem academia
Apenas o laboratório de alquimia
Até nos tornarmos uma família

E...
Usaríamos as cores
Falar através delas
Por meio delas
Para que nunca esquecessem  
“Que sem nada fomos o todo”


E nos salvamos
Imaginem do que?
Não ousem saber

Jamais saberia
Onde começa o mito e termina a lenda
E aqui estamos!
Gostando ou não.

Respeitem esses Guerreiros
Os artistas!
A arte!
As ruas!
O pacto!
A cultura!
O que nos tornamos!
Meu território
Minha Música
Minha Dança
Meus Desenhos
Meu estilo de vida
Pois é com eles
E através deles
Que conhecem minha identidade

“Quem vos fala é o Hip-Hop a verdadeira História”




quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

FULL CLIP - PENTE CHEIO


imagem do google
GangStarr
Mcing Guru & DJ Premier

Full Clip - Pente cheio 

Sedutoras palavras como cânticos
são declamadas feito encantamento

Sem clemência 
violam a carência dos castos e puros de coração
Congruências atrás de congruências

Pretensão;
Ser consistente ou é
Conveniente tudo dar certo dentre tantas contradições?
Deferência é bem diferente de dissidência

Então
Sempre bateremos de frente
por distintas convicções

Reconheço a imponência
que valorizam e mantenho-na onde menos gostaria que estivesse
E meus atos os decepciona, frustra e aguça o ódio por oposição.

Sou indulgente para algumas ações
Mas,
Julgar-se onisciente e que catalisa!
Esconde o "pente cheio" embaixo da camisa

Reminiscência imaculada
De quem viu entre reticências
“A arte salva sua vida”

E...
Pouco importa o que importa na afluente
que vai pra dentro de ti
Apenas corredeiras incoerentes e
cercado de coniventes testemunhos seguidores da crença inquestionável.

“pentes cheios”

Através da eloquência dissipam o medo 
e
Uma espécie de silêncio
Incidindo ao mesmo caminho.
Mortos vivos!!!

Sabemos o que é real discernindo a loucura da razão
Ou será que somos tão contraditórios assim para aceitarmos ?

Latino Americano, Brasileiro, emotivo, cristão, 
Alegre e festeiro
Enquanto entretenimentos 
Deixam o povo de joelhos
Batendo palmas 
Para uma obediência cega

E o sangue escorre pelos dedos
de uma inferência subúrbica.

Jovens exclusos
Sonhando com opulência
Pente cheio!

Muitas vozes 
Em um coro sem receio
Dizendo que os fins
Justificam os meios

Plenipotência 
Abusando da concupiscência
Enquanto batem continência
Não siga o mestre!!!

Contradições e incontinências
Um vocabulário repleto de fonemas alienados
Onde
Um por um 
Entram na agulha da pistola
Prontos para morrer sem prestígio
Sem fama 
Sem glória!

Sob a chuva 
Escrevendo a história na lama
E o dilúvio 
Encarrega-se das influências
Boas ou más
Além de toda subserviência

Vida fácil! 
Vida breve!
Insuficiente para um corpo jovem e frágil

Uma mente atordoada
Crescendo perante imagens deturpadas
Valores opostos
Guerreiros 
Do seus universos insólitos

Delinquentes da própria delinquência mascarada
Em notas de $100 amontoadas
Todos já se deram conta 
O vício vicia
Dinheiro é solicito
O que ele quer
Encomenda
Sem escrúpulos ou ética

 Educados a queimarem livros 
Disciplinados pelo medo!
Sendo seu próprio pesadelo

Ó Pátria Amada Salve! Salve!
No salve-se quem puder
Do jeito que der

"Pente Cheio"

É eminente 
Que o pente está cheio
A criança nasceu e nem viveu
Mal concebida
Nem chegou
 e já está de partida!

Quem se incumbiria de cuidar do Guetto Bastardo?

Incógnita sem resposta
Só função na fundição 
Serviçal, Mordomo, Empregado, Ajudante
Desempregado, Analfabeto Funcional, Sem Teto
Um destes
Que o meu país está repleto
Réus confessos nas mãos indolentes insensíveis e
cínicas 

Pente cheio!

Já sabem de toda reincidência
Toda seqüência
Pobre é apenas
Fios de cabelo em queda livre
Sobre “a faca de dois gumes”

E qual a tendência?
Truculência! Turbulência!
Salto sem pára-quedas
Debaixo do arremate de incompetências

Cada um a sua maneira
Carrega-o

Pente cheio!

"Eternamente jovem o desabafo de um homem pobre"


DENTRO DE SEU ABRAÇO

  " Sentir-se protegido num abraço de olhos fechados pode não favorecer a compreensão de onde eles veem ou o que vos motiva, entender o...