quarta-feira, 14 de outubro de 2020

SENHORES DO DURO APRENDIZADO



(Registro pessoal)

Anderson e André
Faísca e Fumaça
Os Raposas
Oz' Gêmeos 
Dynamik Legs Footworks 
Wild e Legs
Renegados
Tupinikingz
BBMC'S
Khoncretto e Congelado


Para cada uma de nossas denominações uma história contida, relatos de um duro aprendizado entre os medos e anseios da vida vivendo à margem de uma mega metrópole, esquivando-se das ciladas, em fuga na direção de um centro velho, pulando muros, transitando entre os trilhos, seduzidos pelas canções.

Misericórdia!
 De mim, de nós, corpos atraídos para o rito cosmopolita da selva de pedra e o movimento artístico de um ideário de liberdade!


  Nenhuns colocavam-se em movimento em prol da postura de um manifesto repleto de trocas e saberes por meio da cultura de paz e amor, união entre as pessoas, alegria e diversão sob os dogmas de um extinto ritual dos "Quebradores de chão".

As ruas diziam mais sobre nós, sincretizávamos inúmeros dramas encrustados em nossas tradições, frutos de ascendência indígena, negra, pobre, sem sobrenome, vivendo o "Foge Nick Foge!" (um excelente livro que relata o drama de Nick Cruz) em um desses milhares de Guettos existentes, fora e dentro de nós. 

Somos o retrato de outras histórias como as nossas!
 
O êxodo rural para mudar sua realidade e os insucessos, relacionamentos imaturos e as mães solteiras com empregos simples, as ruas e a evasão escolar, as drogas e a violência rondando o "Playground" meio em que crescemos, "ser o homem da casa" cuidando de tudo sem os referenciais, compreender os altos e baixos da vida, apreciar e valorizar as pequenas coisas e as riqueza dos detalhes, inspirar pessoas, trabalhar e estudar, fazer dos aprendizados ensinamentos, através da arte e por meio dela consolidar uma didática na prática, fazendo de suas vísceras um arte educador constituindo uma nova visão de mundo e um olhar mais crítico sobre a realidade.

Certos ou não cá estamos!



SENHORES DO DURO APRENDIZADO

TOP ROCK – DROP – FOOTWORK – WINDMILLS – BACKSPIN - FREEZE
“Celebração dos antigos Quebradores de chão" 



Pedaço de mim esquecido
homem embrutecido 

Fábula não escrita 

E... 
O que não poderia ter sido? 

Desceu o morro 
Sentiu a queda 
Sem ter amortecido 

Mais um mortal 
Dos que fazem 
Do amor tecido 

Absorvido 

Sobrando apenas 
Fragmentos 
Do espetáculo 
No palco do acontecido 

Amadurecido
 
Aforismos e devaneios 
Adormecidos 


Sonho lúcido 
Quimera 
Do advertido 

Não há aplausos 
Para acanhados 
Do jardim perdido 


Desejo místico alheio 
Orgulhoso 

Queriam para sempre 
que fossemos banidos 
Removidos 
Os “mal” concebidos 

Idealisticamente 
Confundidos 

E na fornalha
Retorcido! Contorcido! 
Abduzido 

Por inocentes 
Acolhidos 
1000 dias 
Sem que tivesse anoitecido 

Só atrevidos 
Quando definido
De que nunca passaríamos
De desconhecidos 

Desfavorecidos 
Como todos os
Gemidos incompreendidos 


Remexidos! Sacudidos! 
Só 
Sobrevivência 
De introvertido a
Extrovertido
Ao ajoelhar no milho 

Um 
Recém nascido 

Do descabido
Destemido sentimento
De que somos filhos 

Indefinidos rebatidos
Embebidos na discórdia
Dos "evoluídos" 

Só indevidos 

Invertidos
Divertidos
Entretidos
Mantidos no cabresto
No final do texto 

Só um contexto
Sem contextualização 

Filhos da PátrIa mãe gentil 
Que fazem da arte
Sua educação 


sábado, 10 de outubro de 2020

SEQUESTRO

 

Filhos da "Rê" Anderson e André Lopes os Gêmeos Bbmcs e o ideal
Breakers e Beats no Mike Consciência Somos

  "Somos maiores que a própria cultura sendo drama da vida ferida resistindo para existir" 

Personificar a representação dos grandes laços de irmandade, amizade e união construídos dentro da cena da cultura suburbana nunca será um fardo, afinal "estamos aí" para unir as pessoas por meio do sentimento e orgulho Hiphoper, mesmo que "esse" venha aos poucos perder o sentido, tonando-se mais sintético e menos sinestésico... há muitos símbolos e significados ocultos em nossas tradições, a riqueza do aprendizado, as tratativas com as pessoas, a solicitude da empatia, o ágape desse amor messiânico, tudo isso acaba tornando-se um mero suvenir, mas, se um broche de "Oskar Schindler" poderia ter salvo uma vida e se somos tão simples quanto, deixo aqui uma reflexão do Talmude Judaico "Quem salva uma vida salva o mundo inteiro".  


Com vocês!

SEQUESTRO


Pus-me

Comovido 

A falar com o mundo
Enquanto
Seduziam meu povo

Matando o literar 
Sufocando Poesias 
Mortificando vocábulos 

Aos poucos!

De pouco
Em pouco 

Sangrando

Até

Que esse rosto comum
Que habita em tudo
Em todos

E ainda assim
É nenhum

Advertiu:

Versos
Tão meus 
Tão seus
São alforrias 

Quem vos impediu de estudar
Impossibilitou-os de enxergar
De construir uma Luneta

Quebraram a ampulheta

Para que não vissem 
Não enxergassem
O tempo passar 
O passar do tempo

Esconderam-te
Que ele passa depressa 

E que ele é rápido
Até mesmo quando está devagar

Resignifiquei emoções!
Na caligrafia das ilustrações
Na fonética dos sons
Na dicção e coesão do canto
No gestual da linguagem não verbal

Mas, estremeceu-se!
Abalou-se nas indecisões 

Quando liam 
Sem compreender as lições

E
Pensaste 
Que eu fosse
O
Ilusionista 

Que eu fosse 
Só um apelo altruísta

Um
Futurista 
Com ideais progressistas

Fiz 
Alusões de vitória
Enquanto 
Inimigos escondiam suas armas
Nos livros de história

Calaram-se os Poetas!
Esganaram
A
Poesia

Prenderam o Leprechaun
Ficaram
Com o Pote de ouro
Os tesouros 
E o próprio arco-íris

Hoje 

Veneram os maus-tratos 
Enquanto nos veem
Pelo estereótipo
... vazias
Sem luz



quinta-feira, 8 de outubro de 2020

A MARGEM DIZ TUDO


Ano de 1998/99 Projeto Dynamik Legs Mc's - Wild & Legs 
André e Anderson Eternamente os Gêmeos da vila Pestana em Osasco-SP
Captação de imagens para o álbum musical "Hip-Hop não pode parar!"
(foto de arquivo pessoal)


O mundo mudou e nem sempre as mudanças são apenas para melhor, tudo era muito diferente e o Hip-Hop não era tratado como hoje, havia um sentimento e motivo para cada atitude, viver a margem gerava uma comoção, preceitos de humildade e coragem, respeito e dignidade onde todos eram orgulhosos simplesmente por terem passado pelo cruel teste de sobrevivência...!
Tempos de ouro, tempos de gloria! 


 A MARGEM DIZ TUDO


Selva passou a ser só o concreto
O verde
Um abstrato Cartão Postal
Natureza passou a ser 
Sinônimo!

O melhor e o pior
De
Nós!

Balança desregulada
Fora do prumo
O inexato no nível   

Sismógrafo das discrepâncias do “Nobre” subjugo ao desguarnecido

Recursos?

Discursos de algodão doce em água corrente

Minhas
Secreções
E a falta de anti-inflamatório
Para tantas infecções

Margem é o limite
Daqui pra dentro já é abismo
Não há beirais

Desapegados com mundo
Com a vida
Sono pode ser despedida

Filósofos prontos para partidas
Cotidianamente
Idas e vindas

Indeléveis escaras
Sequelas do capricho no açoite

Domesticam feras
Por meio de uma miserável persuasão
Mantendo-os
Preso a Logosofia do resistir para existir

Respirar é pesado!
Pressões e mais pressões
Em metros cúbicos quadrado de dignidade

Inúmeros desvalidos amontoados!

Legado renegado
Peões do xadrez vagabundo
Presença contínua
Contra-regras 
Detrás das cortinas 
Muralhas invisíveis  

Humildade e honra
Honrados Humildades
Virtuosa pureza
Que se condensa apenas no campo das idéias

Parcela do povo
Fração de gente
Imensos entalhes de carne

Espalhados e enterrados numa vala comum
Aos montes
Orai aos montes
Subindo a montanha do caia na real

Meus símbolos
Suas regras
Muralhas verticais e nítidas 

Madeirites repletos de sangue
Palafitas transplantadas
Transfusão de favelas
Existência quebrada
Submundos 
Subgente

Nada impede que um dia acabem com elas
Mas, primeiro dão um jeito na gente

Batentes sem porta, ruas sem asfaltos
Janelas sem paredes
Corpos vazios
Nossas caricaturas

Peças únicas
Últimas peças
Sufoquem-nos com as cotas
Ou o de sempre

Que não dá nem para as coroas de flores!

O fúnebre
Cortejo de metas

A engrenagem pouco se esforça
Para conter a catapulta
Da próxima bala
Pronta pra explodir na agulha

As Balas são perdidas
Mas, os corpos
São encontrados

Cemitérios clandestinos
Nas sub-notificações 
Progressões aritméticas 
Urnas eletrônicas

Fins que justificam meios
Meios que possuem um fim

Escravos do ganha pão
Ansiedade e depressão
Terapia do
Trabalhar pra comer

Ignorante cidadão!

Faxina social
E o caminhão pipa
Trazendo água para lavar
O sangue no asfalto

Canetas Montblanc
Para o tiro a queima roupa
Desfigurando seu rosto
Sumindo com seus dentes
Queimando as digitais

Filhos de mãe solteira! 

Em vazos barro
Não se faz exame de
DNA




















DENTRO DE SEU ABRAÇO

  " Sentir-se protegido num abraço de olhos fechados pode não favorecer a compreensão de onde eles veem ou o que vos motiva, entender o...