quinta-feira, 5 de setembro de 2019

MAIOR QUE O PRÓPRIO ESPETÁCULO



Multidão toma conta do Largo da Batata, na Zona Oeste de SP, no bloco Casa comigo — Foto: Reprodução/TV Globo

"Viver é espetáculo! Nossas relações, interações, ambições e sonhos fazem de nós quem somos e não o tipo de tratamento que recebemos do "poder público" para com o povo que sofre e sente as mazelas do resistir para existir. A nossa força e essência é indubitavelmente superior a toda essa submissão "


Meu povo exala festa
Já vem escrito na testa
Paixão por música e dança

Uma espécie de clamor popular 

Habilidosos, Criativos
Sorriso estampado no rosto
Eterno amante latino 
Sempre um belo par!

Não cansa do trabalhar
Antes mesmo de o sol raiar
Põe-se a levantar
Até a idade chegar
Nunca é só ensaiar

De segunda a segunda
Sapatilhas nas costas
Coreografando passos
Seu espetáculo
“Angustias de um trabalhador”

No palco do Municipal
Estadual Federal
Inconstitucional
Meio de continuar existindo

Um vívido sonho lúcido
  
Todos platéia
Todos artistas

Estagiário Efetivos Contratados
Terceirizados Encarregados Gerentes 
Sub Chefes ou Aprendizes de Patrão

Incontáveis proletariados
Empregados ou desempregados 
"No Corre"
Formais ou Informais 

Sob os olhares críticos
Acenos da tribuna

Ministros Senadores Deputados 
Governadores ou Prefeitos Vereadores 
Moendo gente 
Provedores de insucessos

É em nosso povo que estão os defeitos

"Eu" figurante
Nem protagonista ou coadjuvante

O estrelato 
É para ungidos
República das Oligarquias
Sabemos da supremacia
Na ausência de alguma etnia 

Carne fresca e barata
Sem honra ou
Dignidade

Apresente o bilhete Único 
Para o suicídio coletivo

Alpinismo Social
Aos poucos nos dividindo
Uns contra os outros 
E o poder aplaudindo

Assessores para torna-los  
Mais inacessíveis 
Camarote deixa tudo mais plausível

Lâmpadas do espetáculo
Emaranhado de ramificações
Sem neurônios todos os nossos tentáculos

Sente-se
O show já começou
Espere
Não se assuste

Escrúpulos?

Nunca foi pré requisito
Então não ache esquisito
O banquete aos Urubus 

Corrupção é pasta base 
Faz parte do currículo

Espécime em ascensão
Sem essa de comparação 
Preconceito sem constatação
Rótulo de bandido ou  Ladrão 

Estes são subcategorias 
Miseráveis por indução

Ancestrais dos navios Negreiros
Que em favelas encalharam
E delas fizeram
Masmorras decorativas

Aprecie 
É um lindo musical
Consistente e poético
Salmos de Castro Alves
Sobre funcionais alfabéticos

Aberta as cortinas
Acordos e delações

Alguns milhões 
Alguns Grilhões 

Sonoplastia lícita
Xadrez Darwinista
Argilosos Alquimistas
Paraíso das orgias permissivas

Difícil sobrevida?
Pra quem?

Reis 
Por trás de grades invisíveis 
Destaque de carros abre alas
Sedutor o espetáculo midiático
Hipnotizador 
Drama de final trágico 

Sacode suinga
Remexa pra valer 
Aflore a sensualidade 
Todos pagam bem pra ver

O orgulho do passista
A favela do turista
Fio dental
E um muito prazer

Beleza natural
Seleção para o comercial
É lindo
O "ser" brasileiro

Pluralismo étnico
Supremacia afrodescendente
Mesmo de cerne Indígena 

Em todos
Ritos de Lutas Ritos de luto
Luto e não sobrevivo
Trancafiados no pulsante Mausoléu

Confinado nos morros
Distais periféricos  
Só um filho Bastardo 
Embaixo da incoerências
Da chuva ácida sob o mesmo céu 

Não há dança de puros-sangue
O acorde é miscigenado!
Acorde
Acode 
Quem não pode 
Faz por onde e
Se fode

Desarticularão as células inteligentes
Não há Martin
Não há Luther 
Não há Kingz

Só bodes expiatórios 

Não temos liderança
E se a tivéssemos  
Levariam todo o gado para o abate 

Escravos sem Capoeira
Apenas um motim filosófico

Cotas e garantias
Não eram para soar 
Um conflito

Somos só senso comum

Garantimos disputa 
Sem concorrência

Meritocracia?
Nunca partimos do mesmo patamar
Desigualdade pra alguns é mar
Mas, na real é oceano 

Ressarcir seria admitir
"Mea-Culpa"
Quem vai assumir?
Velados e silenciosos conceitos pré definidos 

Nossos filhos 
São os
Nambás
Niquins 
Tupis
Zumbis
Zulus 
Kuntas Kintes    

Vivendo em senzalas mascaradas
Trabalhando por quase nada 
Açoitados até morrer!

Religiosidade
Ritualizada 
Em crendices 
Fazendo-nos subalternos 
Entre príncipes e reis
Que falam em nome
Do dono do ouro e da prata 

Dançamos
Para trazer chuva

Colheremos 
Apenas destroços da tempestade

Marchando pelas migalhas 
Bit coins ilusórios 
Algemas invisíveis


Joelhos que sangram
Olhamos para o céu
Aguardando lendas bíblicas 
Crendo no Messias assassinado
Pelos mesmos motivos 
De nosso extermínio

Dançamos
Não por falta de fé 

Mas, pelo faça por onde 
Com as mangas arregaçadas 

Mesmo que pareça mais ameno 
O doloroso açoite
  
Conhecemos as imposições
E os por quês 
Pois, por muito menos
A falta de... 
O silêncio eterniza 

Dois ou três dançando na ruas
Podem ser atropelados

Enquanto festas
Arrastam multidões
Para o nada em comum

O show não tem fim
Espetáculo ininterrupto 

Somente à esperar 
A hora de volta pra casa
Se...
é que dá pra descansar

Trânsito imaginativo 
Condensando desilusões 

E quem bateu palmas
Dificilmente assistiu a apresentação

Contrários aos feriados
Nos dizem diariamente 
Aprendam a improvisar 
No ócio que lhe permito
Ter!!!

Chega!

Passistas marionetes
Por mais que ecléticos
E de vastos repertórios

Seus movimentos
São apenas stress mecânico 
Em valorosos 
Esforços repetitivos

Já estouram as tiras das chinelas

Hó relês cidadãos
Queres viver para sempre?

Sempre na escuridão

Não somos dança 
Não somos música 
Não somos ritmo 
Tão pouco o charme do Bailarino

Apenas as velhas
E surradas sapatilhas
Que nunca iram  
Contemplar as palmas
Do abrir das cortinas









DENTRO DE SEU ABRAÇO

  " Sentir-se protegido num abraço de olhos fechados pode não favorecer a compreensão de onde eles veem ou o que vos motiva, entender o...